Apenas um excerto de um projecto meu, um possível final do mesmo
A realidade atormentava-o, assim
que ouvira as palavras mágicas, aquelas que como gotas de água fazem tempestades
em simples copos de agua, viu o chão desaparecer sob os seus pés e lá do fundo,
desse grande buraco, viam-se chamas e labaredas, gritos e lamúrias, conseguia sentir o calor a entrar-lhe no
corpo, a raiva a apoderar-se dos músculos, a inveja a trocar-lhe os pensamentos e a
angústia a agitar-lhe o coração. Até toda a água corporal pareceu subir-lhe às
pupilas. Olhando seriamente pelo vidro da janela, a cabeça encostada dá-va
lhe o único apoio possivel, a mão tremia com o telemóvel ainda a proliferar o
eco oriundo da boca dela, as palavras mais fatigadoras e pesadas do mundo, que
podiam ser pronunicadas naquele preciso momento, o jackpot milionária da
infelicidade. Os olhos afogavam-se em lágrimas e ao mesmo tempo questionava-se
porquê. A injustiça é pesada, mas esta triplicava, pensava ele que tinha lugar
cativo no seu coração, ao que agora lhe parece ser um lugar cativo numa bóia,
que com vento ou com a maré se move para dar lugar a outra, ele que sempre remara
contra todas as intempéries e desanvenças, na esperança de voltar a ver o sol
raiar sobre um mar calmo e sereno cheio de vida. Foram segundos de armagura e
de miséria, apostara muito e saira bem a perder. Incrédulo com a resposta ainda
acenou, “espero que sejas feliz, nada
mais … interessa”.